PRÉ HISTÓRIA DA ACLAPTCTC POR JOÃO ROBERTO VASCO GONÇALVES ( ROBERTO VASCO), VITÓRIA, 28/09/2020

Chamo de Pré história da ACLAPTCTC, aquele interstício entre o CTC e a ACLAPTCTC. Como historiador, julguei importante registrar esse curto período, que todos os fundadores, opinaram,  presenciaram o momento da metamorfose e a aprovaram no momento final, culminando com a respectiva decisão, quase unânime de transformar o CTC em ACLAPTCTC, perdendo o título de Clube e adquirindo o título de academia. Na verdade essa metamorfose foi um pouco mais longa que muitos imaginam, teve um início, um doloroso momento de agonia e finalmente o momento crucial, a estocada final. Pela documentação consultada, durou aproximadamente seis meses, esse “horto das Oliveiras”. Contemos essa história e façamos algumas análises.

            Viajávamos habitualmente interior afora fazendo reuniões, entregando ofícios, convites, visitando órgãos públicos, escolas e entidades culturais com a finalidade de efetuar congressos, saraus e outros.  Basicamente a mesma equipe; não todo mundo junto no mesmo evento, mas os que estavam disponíveis no momento. Os mais frequentes eram o Presidente Clério Borges, sua esposa, a acadêmica Zenaide T Borges, o Secretário Geral Roberto Vasco, Edilso Celestino, Beth Vargas, Givaldo Inácio (o Mestre Gil), Angelina Jucá, Soêmia Pimentel , Cleusa Madureira, Lenaldo Ferreira, Magnólia Silvestre. Mas sempre que podiam: Emilio Soares, Paulo Negreiros, Lucineia paz, Luzia Doná, Suzi Nunes e esporadicamente, outros, como o Gerson Santos (               cordelista do Cabo de Santo Agostinho-PE). E me desculpem se a memória falhou e ficou alguém de fora, o que não é difícil de acontecer. Outros ainda, encontrávamos lá onde estavam, como: Nealdo Zaidan (trovador), Dolores P Resende, Barbara Peres. Muita luta, pelos ideais do CTC.

            Mas, algumas vezes, todos impedidos, cansados ou tempo chuvoso, eu, Roberto Vasco, acabava indo, mesmo cansado ou deslocando algo na agenda de serviços, por espírito de coleguismo, para não deixar o presidente Clério Borges viajar cansado e sozinho, pois, tinha a certeza que iria, conhecendo o seu senso de cumprimento de compromissos agendados e a sua persistência, que beira a teimosia.

            Para não dormir pilotando o carro, devido ao cansaço, conversávamos a viagem inteira. Era uma sala de conferências de assuntos variados: Literatura brasileira e estrangeira, Filosofia, Religião, eventos passados e respectivas lições que deixaram, funcionamento de entidades como academias de letras, associação de bairros, ministérios de igreja e por fim o próprio CTC e seu funcionamento.

Numa dessas viagens, em 05/05/2017, para uma das muitas reuniões em Anchieta e uma semana depois, para uma reunião em Castelo, eu, Roberto Vasco, fiz a seguinte observação: O CTC, CLUBE DOS TROVADORES CAPIXABAS, FAZ TUDO QUE UMA ACADEMIA FAZ. PORQUE VOCÊ NÃO O TRANSFORMA EM ACADEMIA? Senti certo desconforto do Presidente Clério José Borges, mal dissimulado, pois era sentimento interior, inconsciente, que creio, nem mesmo ele sabia que possuía.

            Uma semana depois, indo para Castelo, em 12/05/2017, voltamos ao assunto e eu, a título de curiosidade perguntei, que em caso de transformação em academia, qual seria a cor da pelerine e o emblema da academia e o presidente Clério José Borges me respondeu sem titubear, enquanto explicava porque: A cor do CTC é o Amarelo, então, a PELERINE TERIA QUE SER AMARELA. O EMBLEMA TEM QUE CONTER UM BEIJA FLOR, BEIJANDO UMA ROSA, também o símbolo do CTC.

             Houve um silêncio sepulcral sobre o assunto, até o dia 01/06/2017, numa reunião em Vitória com o então Secretário Estadual de Cultura, Sr. José Roberto Santos Neves. Até então eu não percebia o motivo do desconforto e de tanta resistência, quanto a transformar o CTC em academia, embora uma análise um pouco mais profunda e minuciosa fosse capaz de identificar o desconforto psicológico e a resistência, traduzida por dois aspectos básicos: primeiramente, FOI O CRIADOR, QUE ENGENDROU A CRIATURA e a acompanhou desde o seu nascimento até a maturidade. A seguir, a TRADIÇÃO. Assassinar a criatura, jamais. Se tivesse que haver a extinção, que se desse uma chance, como foi dada a família do Noé na época do dilúvio ou a de  Ló na destruição de Sodoma e Gomorra, salvando sua família, ambos responsáveis por continuar uma humanidade depurada.

            Mas, voltemos à REUNIÃO DE 01/06/2017, COM O SECRETÁRIO DE CULTURA, JOSÉ ROBERTO SANTOS NEVES, momento da estocada final, quando o cutelo desse involuntário sacerdote, imolou a vítima, o CTC, e espargiu seu sangue sobre o altar, o próprio criador e fundador da vítima que então agonizava, o Sr. Clério José Borges. Eu o ministro, que presenciava e testemunhava esse holocausto, cuja função era de escriba, encarregado de transmitir à posteridade, esse documento final. Mas, detalhemos essa cerimônia do sacrifício.

            Após a entrega do Ofício, convidando o Secretário a viajar conosco ao Rio de Janeiro e nesse evento, falasse sobre o andamento das Atividades Culturais do Espírito Santo e providências em curso, fizemos uma breve reunião, onde o presidente Clério Borges abordou as nossas dificuldades financeiras, de como realizávamos eventos às nossas próprias custas e contribuições dos verdadeiros “Mecenas da Cultura”, que aceitavam contribuir com valores monetários e receberem em reconhecimento, diplomas, medalhas e outros troféus. Pleiteou ajuda e pediu orientação de como proceder para conseguir.

Na resposta dada, o exato momento em que o cutelo imolou a vítima, cuja dor foi sentida pelo seu Representante Mor, o próprio presidente Clério José Borges. A estocada foi essa: “UM CLUBE É DIFÍCIL DE OBTER RECURSOS. POR QUE NÃO COLOCAM O NOME DE ACADEMIA? Um clube soa como agremiação esportiva. Tem um peso político inferior a de uma academia. É mais difícil de justificar como entidade cultural”. Essa argumentação, não é muito consistente, afinal, existem academias de Ginástica, científicas, esportivas e de outras modalidade. Mas, era a visão experiente de um secretário e da necessidade de parecer ser, além de propriamente ser.

            Eu presenciei o holocausto e percebi a dor que a estocada acarretara. Foi o momento decisivo.  O meu argumento não havia sido convincente: o que foi, poderia muito bem continuar sendo, sem necessidade de mudanças de nomenclatura, o que era agradável aos trovadores, embora não tivessem a mesma expressividade no cenário cultural capixaba e nacional. Por outro lado, o silêncio, o não fazer caso do que eu disse nas viagens, era mais ou menos como a negação do sacrilégio de ter conversado sobre o assunto, logo no ponto nevrálgico da questão: abolir a tradição, com a fatídica troca de nomes. Mas, até então, ainda não havia percebido a magnitude desse ato sacrílego, pois esse termo ainda não fora proferido explicitamente. Mas, ainda estaria por vir.

Mas, o argumento do secretário, foi enfático, demolidor e irrefutável: OBTENÇÃO DE RECURSOS, condicionado à mudança de nome, se quisesse se manter e crescer.

Mas, a história não termina aí, pois, nesse ponto, começa a terceira parte dessa pré-história da ACLAPTCTC E A ORÍGEM DO NOVO NOME. Nessa agonia dos quase cinco meses restantes, ou seja, até a data da reunião de fundação em 18/11/2017, o presidente Clério José Borges se comportou de modo análogo ao grande Teólogo Thomás de Aquino, quando adequou as teorias Aristotélicas às Cristãs, possibilitando o seu ensino nas 50 universidades católicas criadas na Europa, para aculturar o povo, privado até então do conhecimento, que ficara confinado aos mosteiros, desde a queda do império Romano Ocidental. Essa afirmação deixa de ser um paradoxo quando se lê a minuta do documento que seria levado a apreciação dos associados na reunião de fundação e posteriormente ao registro civil no cartório competente. Examinemos:

“ Cumpre  informar  que  por  decisão  de  Diretoria  em  Reunião  realizada  no último  sábado,  dia  18  de  Novembro  de  2017,  o  CTC  Clube  dos  Trovadores Capixabas  foi  elevado  ao  “status”  de  Academia  de  Letras  e  Artes,  com  o  título de  Academia  de  Letras  e  Artes  de  Poetas  Trovadores,  de  sigla  ALAPTCTC.”

 

“...a história do CTC continuará com a nova entidade já que não houve a extinção do Clube, mas sim uma promoção à condição de Academia de Letras  e  Artes,...”

 

“...o  Clube  dos  Trovadores Capixabas não morreu, apenas galgou o Status de Academia de Letras  E Artes,...”

Referência: Academias/ACLAPTCTC/FundacãodaAcademiaTrovadores.pdf

Ou seja, o trabalho de adequação executado pelo Presidente Clério José Borges de Sant’Anna, ao redigir o novo documento explicita a herança ideológica e o propósito de continuar com o mesmo trabalho, o que está escrito na Ata da Reunião de fundação, conforme se lê a seguir:

“...A Associação é historicamente uma nova entidade  cultural  surgida,  como  legado,  ou  seja  herança  histórica  cultural  do  antigo Clube  dos  Trovadores  Capixabas,  CTC,  fundado  em  Vila  Velha,  ES,  a    de  Julho  de 1980, pelo escritor Capixaba Clério José Borges de Sant Anna...”

Referência: Referência: Academias/ACLAPTCTC/ATA DE FUNDACAO DA ACADEMIA ACLAPTCTC.pdf

Contudo, e apesar da complexidade da ideia, verifica-se no texto acima que não é uma espécie de “simbiose”, ou um “produto híbrido” de duas entidades diferentes. É legalmente, uma nova entidade, fundamentada nos mesmos princípios da outra. 

Agora, depois dessas observações oficialmente redigidas e principalmente depois do único voto contra a mudança, da nobre Confreira Magnólia Pedrina Silvestre, finalmente fui entender  a enorme resistência inicial do presidente, até a última instância e o seu desconforto ao falar no assunto e compreendo a magnitude do seu trabalho de adequação e entrelaçamento, explicitando a continuidade da obra.

No momento em que foi colocado em votação e a confreira Magnólia, votou contra, sem titubear, eu pude perceber os laços afetivos que união cada associado ao Clube dos trovadores Capixabas e quão pesarosa foi a aceitação de outro nome, mesmo sob os propósitos do trabalho continuar sendo o mesmo e com a mesma qualidade e fidelidade aos princípios. Eu não compreendia  por que tinha entrado no CTC há três anos, na época e ainda não possuía as raízes tão profundas e intrincadas como os membros fundadores. Afinal, era uma história de 38 anos. Confiram a seguir:

           

“A  proposta  apresentada  pelo  Presidente  do  CTC,  Clério  José  Borges  foi apoiada  por  todos  os  presentes  a  exceção  da  associada  Magnólia  Pedrina Sylvestre,  que  se  manifestou  contra  em  face  aos  38  anos  de  história  do  CTC fundado  a    de  Julho  de  1980  e  líder  na  realização  de  eventos  culturais  de Seminários  e  Congressos  de  Poetas  Trovadores  no  Estado  do  Espírito  Santo. Infelizmente foi voto vencido,...”

Referência: Academias/ACLAPTCTC/FundacãodaAcademiaTrovadores.pdf

            Eu, Roberto Vasco, acadêmico cadeira 3, patrono São Francisco de Assis, o mesmo do CTC, atual Secretário Geral, com a missão de “escriba”, atribuída pelo destino, redijo A PRESENTE PRÉ-HISTÓRIA, que ofereço aos nobres confrades e à posteridade.

Outrossim informo que elaborei um dossiê sobre a ACLAPTCTC e sobre o CTC, em forma de pastas, onde os principais arquivos atinentes a história e a fundação das duas entidades estão alocadas e disponíveis para serem transmitidas aos possíveis interessados, em mídia ou impressos, a qualquer tempo. Observo que a história total, no que transcende a fundação, ainda não está completa e ao longo do tempo muitos dados precisam ser recuperados, ordenados e gravados e outros mais antigos, pesquisados, junto aos confrades e confreiras detentores de muitas informações, pois, só as possuo a partir de 2015, a exceção de alguns poucos depoimentos já tomados e livros consultados. As cartas de intenções pós congressos, redigidos no último dia de cada um, em cada cidade, tenho, a partir de 2016, mas ainda precisam ser separadas e colocadas nesse dossiê. Algumas, preciosidades, com seus respectivos manuscritos redigidos a próprio punho pelos presidentes das comissões eleitas para esse efeito, alguns já falecidos. Temos também, ainda fora do dossiê, as fichas dos primeiros fundadores do CTC, sem falar em algumas fotos. Também são notórias as observações sobre fichas de inscrição de antigos acadêmicos, que se ainda vivessem hoje estariam com 116, 114, 112 anos, etc.

            Gostaria de propor, a título de exercício acadêmico, que relatem com suas palavras, as participações em seminários e congressos antigos, lembrando da preciosidade de seus depoimentos, como testemunhas oculares e partícipes da história. Façam, não importa se ficarão duplicadas. Filtraremos depois. O importante é cada um relatar sua própria história, dar seu precioso depoimento. Em última análise: NÓS SOMOS A HISTÓRIA.

Comentários

  1. Errata: Onde se lê "união", leia-se "uniam" do verbo unir: " ... os laços afetivos que "UNIAM" cada associado ao clube dos trovadores.

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  2. Obrigado por fazer comentários em nosso site e prestigiar os acadêmicos da ACLAPTCTC.

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